No meu museu ou no teu?
Hoje, 18 de maio, comemora-se o Dia Internacional dos Museus, e é importante refletirmos sobre a sua importância na estratégia de branding e economia das cidades e dos países.
Sou uma amante de museus. Aquela pessoa que lê tudo, todas as legendas, visita todos os corredores, salas e alas, e perde uma tarde, um dia ou mais, de uma viajem ao estrangeiro, dentro de um museu. E no final da visita, a cereja no topo do bolo é a loja do museu; uma boa loja é 30% da visita. Gostava de um dia ficar fechada "por acaso" num e ter de lá passar a noite e visitar tudo com tempo; por exemplo no Louvre, que nunca consegui ver como deve ser. Sou sobretudo atraída pelos museus de arte, museus históricos e casas museu, interativos e temáticos, e estapafúrdios ou de nicho.
Um museu é dos poucos locais onde aprendemos sem ter de pegar num livro, nem ir à net, sem ter de assistir a aulas nem fazer testes. Num museu passamos sempre e podemos ser sempre repetentes. Se a escola fosse perfeita seria um museu em constante atualização.
Precisamos de mais museus em Portugal, de iniciativa privada ou pública, ou pública e privada, porque temos história e cultura que chegue para isso. Chamem-lhe dos descobrimentos, das descobertas ou museu-dos-malucos-que-se meteram-numas-cascas-de-noz-e-foram-por-aí-afora-e-fizeram-coisas-más-e-boas, quero lá saber do nome, mas não faz sentido nenhum não haver em Portugal um museu à séria dedicado a essa história do nosso País que condicionou o Mundo. Não faz sentido também não termos um museu da literatura portuguesa. Gostava também de ver nascer um museu da culinária portuguesa. Um museu da Inquisição também seria interessante, bora lá tocar nas feridas.
Felizmente ganhámos recentemente um museu dedicado ao Terramoto. Um investimento avultado, a aposta no risco e uma visão que têm compensado. Como foi possível não termos um mais cedo? Na verdade, não se intitula de museu, mas de Centro do Terramoto de Lisboa, o Quake, que oferece uma fantástica experiência imersiva. O que significa que havia lugar a um outro espaço sobre a temática, um museu sobre essa história de 1755, e sobretudo sobre a história da cidade que antecedeu a tragédia e o que dela resultou - um Museu da Baixa Pombalina, se quisermos.
Na realidade, podemos fazer ressurgir as histórias, as pessoas e as facetas da história, e da cultura, que quisermos. Os museus são dos mais poderosos recursos de branding das cidades e dos países, e encerram um grande potencial de desenvolvimento económico, porque quando contamos histórias e objetivamos num espaço e num discurso expositivo determinadas mensagens e conhecimentos sobre a nossa cultura - incluindo todas as contradições e não consensualidades -, reconciliamos as pessoas com temas que lhes são caros e podemos provocar diversas percepções da comunidade internacional.
E vocês, que outros museus gostariam de ter por cá? Ou que museus gostariam de ver melhorados?
No ano passado, visitei o museu do Terramoto que referes. Para além de ter gostado bastante da forma como a exposição está montada, senti que era uma bela demonstração de como é possível criar museus (diria quase "temáticos"), associados a coisas que, à partida, não seriam as mais óbvias. E, sobretudo, acho que pode ser uma forma interessante de atrair mais público, inclusivamente para os museus mais clássicos.
SIIIIIM precisamos de mais museus!! Gostava de que se torna-se a "coisa aceitável" a fazer-se: em vez de convidares os teus amigos a dar uma volta ao shoping, convida a um museu!
Valem muito mais a pena. Qual é o próximo a visitar?