Não te podes ir embora
"As pessoas morrem num segundo. Podes discordar mas não te podes ir embora."
Carrie Bradshaw
Ontem foi o melhor episódio de And Just like That, até agora.
(Por favor, se não estão a gostar da série não me digam, não comentem, não estou em condições de ser contrariada. Ando sensível.)
Bateram-me fundo aquelas palavras da Carrie quando a Miranda ameaça afastar-se por causa de uma discussão com Charlotte. “Não te podes ir embora”.
O medo de perder pessoas é um dos meus pontos de contacto com a Carrie, entre outros que fui somando ao longo das temporadas da série. É o maior medo da minha vida - perder as pessoas que amo, e já perdi muitas. Agora encontro-me a viver esse medo de forma exacerbada, e à conta disso estou a deixar de estar com pessoas para proteger outras. E assalta-me o medo de “perder pessoas num segundo”, pessoas com quem adiei encontros por causa de outras pessoas. Isto tira-me o sono e angustia-me profundamente. É este o paradoxo que estou a viver, estamos!, mas a verdade é que há pessoas mais importantes que outras, pessoas que exigem mais tempo e atenção, e se as pessoas não percebem isso é porque nada percebem de pessoas.
Se há coisa que a pandemia me trouxe foi um discernimento sobre as minhas relações. Há pessoas de quem sinto tanta falta que me chega a doer o corpo, e elas nem imaginam isso. Outras, gostarei muito de rever, mas não são vitais. Outras, em nome delas abdico de tudo o resto para proteger até à morte.
Pessoas que salvam pessoas, pessoas que cuidam de pessoas. Andamos no mundo para isto, e por vezes é preciso amar algumas à distância.