Meditar é igual a não desistir
Meditar não é fácil.
Qualquer pessoa que hoje o faça diariamente com uma perna às costas, nem que seja no metro ou numa pista de dança apinhada de gente e com um barulho ensurdecedor, sabe isso. Ao início custou.
A mim, que nunca mais consigo sair do eterno início, custa bastante. Mesmo quando estou a conseguir, a minha mente acha isso estranho e começa a divagar como que a querer provar-me que eu sou uma control freak, que não consigo abstrair-me do que se passa à minha volta, e que se por acaso por uns segundos o consigo fazer é porque alguma coisa deve estar errada. Então boicoto o meu “sucesso”. Se bem que, lá no fundo, se a minha mente se apercebe que estou a conseguir é porque na realidade nunca estou abstraída e estou sempre em modo controlo. Viram como é difícil?
Há muitas pessoas, abençoadas sejam, que por muito que lhes custe ou que sintam que a coisa não está a correr como devia, continuam, sempre. E um dia, sem saberem, sem que a mente se aperceba dessa fuga, zás, conseguiram – passaram a ser pessoas que conseguem meditar.
Portanto, o truque é não desistir e não implica necessariamente ir para um ashram na Índia, como naquele livro da Elizabeth Gilbert. Quer dizer, se pudermos ir fantástico, nada contra; depositar todas as esperanças num lugar longínquo de casa é que pode sair uma expetativa gorada. Somos sempre a mesma pessoa, com a nossa mente e o nosso ego agarrados, em qualquer que seja o fuso horário que nos encontremos.
Este ano, 2022, quero muito não desistir.
Esta manhã voltei à Calm, a app que pago e raramente uso, mas que não deixo de pagar (pelo menos disto não desisti!). É realmente boa, é realmente uma ajuda.
Correu bem, apercebi-me de quando divagava, que foram várias vezes, mas lá fui regressando ao lugar que não existe ainda completamente definido mas que já avistei no meu mapa mental, aonde anseio chegar e fixar residência secundára.
Não foi perfeito, pensei no que ia fazer à tarde, na to-do list da semana, no senhor estofador que viria à tarde entregar o sofá... Mas só porque não foi perfeito não vou dizer “assim como assim, não vale a pena”. Agora quero continuar.
Que na imperfeição encontre uma razão para prosseguir.