Coragem e desilusão
Podemos ir até ao fim do mundo pelos outros, mas que seja por amor não por medo de os desiludir.
“Eu não sou corajoso, apenas não estava disposto a ser uma desilusão para todos.”
The French Dispatch
O último filme de Wes Anderson, Crónicas de França na tradução portuguesa, não é brilhante mas tem momentos brilhantes, e esta fala é um deles.
Quantas vezes no colocamos em situações difíceis só para nos provarmos merecedores de algo ou de alguém? Só para mostrar que somos bons e capazes, e dignos do espaço que ocupamos?
Parece-nos que se o caminho não for o mais difícil, a recompensa e o reconhecimento alheio não nos são devidos.
É triste quando não fazemos alguma coisa que desejamos muito por medo, ou por receio de desapontarmos alguém. É corajoso quando avançamos para os desafios que queremos vencer, mesmo que as pernas tremam e o coração salte do peito.
Agora, fazermos alguma coisa que não queremos, que nos violenta, só para mostrar que não temos medo, ou que estamos ao nível das expetativas de alguém, é uma perda de tempo e de energia que serve apenas para alimentar o ego.
Podemos ir até ao fim do mundo pelos outros, mas que seja por amor não por medo de os desiludir.