Conheces alguém de Comunicação para...?
Pedem-me às vezes para indicar pessoas para empregos na área da comunicação, e tem sido uma tarefa bem difícil.
Conheces alguém de comunicação para…? Conhecer até posso conhecer, difícil é a pessoa querer. A par dos freelancers que estão sempre ocupados e não têm mãos a medir, tem sido difícil desafiar outros profissionais para ofertas que me vão chegando. Que estranho, com tanta gente a precisar de emprego nesta área tão saturada como é isso possível? Pois.
Eu até gostava de basear este texto nalguma estatística, estudo ou artigo, mas é apenas a minha experiência.
Na maioria dos casos, as pessoas com alguma experiênca, que é o que mais me solicitam, já não querem empregos ditos normais, a full-time.
As pessoas estão tremendamente cansadas. Chamo-lhe office fatigue, o estrangeirismo pega sempre bem nestas matérias. Cada vez que falo com colegas de curso e amigos que trabalham na área dizem-me que estão fartos e que já só querem trabalhar ao projeto. Não que amem a vida de freelancer, amam é ainda menos a vida de agência e das grandes corporate que os engole; ou das pequenas empresas que não sabem como integrar e capitalizar na sua estrutura o potencial dos profissionais de comunicação.
As razões, contudo, vão além do cansaço dos profissionais e têm muito a ver com a forma como a oferta é posta ao conhecimento da procura.
As empresas podiam melhorar a forma como recrutam pessoas para satisfazer as suas necessidades neste departamento. Eis três práticas que podem ajudar:
Não procurem canivetes suíços: Na maioria das vezes a descrição da vaga é demasiado abrangente, pois tende a colocar-se no mesmo saco várias áreas da comunicação que exigem competências e perfis distintos. Gerir redes sociais e fazer assessoria de imprensa e estratégias de RP nem sempre coincidem numa só pessoa, seja por falta de tempo seja porque exigem de facto aptidões diferentes, e são ambas absorventes e com necessidade de atualização e dedicação constantes. Da mesma forma, organizar eventos e desempenhar funções de protocolo é frequentemente metido na job description da “pessoa de comunicação”. Pode dar-se o caso de haver pessoas que façam isto tudo, e bem, mas são unicórnios e os unicórnios também se cansam e depois deixam de ser unicórnios.
Existe também uma confusão entre Marketing e Comunicação. Uma distinção nem sempre consensual entre profissionais e teóricos da área, pelo que é normal muitos empregadores também misturarem conceitos na hora de contratar. Para simplificar bastante, digamos que o Marketing foca-se na venda, e a Comunicação na mensagem, duas coisas que vivem em comunhão quando estamos a falar de comunicação empresarial, exigindo por seu turno diferentes ferramentas e know-how.
Se o que se pretende, então, é uma pessoa que coordene toda a área de comunicação e marketing, então contrate-se ao nível do diretor comercial, diretor de RH ou diretor de operações, por ex., com poderes para gerir orçamento e recrutar pessoas ou uma agência.
Fazer anúncios de emprego: Acontece muito as organizações quererem a pessoa para ontem, e não terem, ou não quererem ter, tempo para processos de recrutamento. É aqui que entram os tais pedidos de recomendação. Nada contra, uma coisa não devia era invalidar a outra, o ideal é co-existirem as duas práticas. Se for apenas mediante referência, o empregador sujeita-se a um círculo fechado que não dará amplo acesso ao talento disponível no mercado. Um anúncio de emprego claro, honesto, com uma boa descrição do que se pretende e sem fazer uma call a figuras míticas e super-heróis será sempre muito bem apreciado. E já nem me vou repetir sobre a questão da referência salarial.
Não exigir formação académica específica: Um erro comum é limitar os critérios de seleção a determinada formação académica de base. À exceção das carreiras de medicina, advocacia, engenharia civil, arquitetura, enfermagem e de algumas áreas científicas, de investigação e ensino, muitas atividades não necessitam de um grau de licenciatura ou mestrado único e exclusivo. O que não falta são bons jornalistas que não se diplomaram em Ciências da Comunicação ou Jornalismo, publicitários que nunca andaram na escola a aprender publicidade, ótimos gestores e estrategas de comunicação digital que vêm de áreas bem diversas, etc., etc., etc. Restringir as ofertas de emprego a pessoas com a licenciatura a ou b é um golpe de má sorte.
A comunicação não pode ser o equivalente à Cultura no Orçamento de Estado. É a Comunicação que conta a história, que tem o poder de aproximar as organizações e as marcas dos seus públicos, e de elevar o seu nível reputacional. É a comunicação, e o marketing, que ajudam as empresas a destacarem os seus produtos e serviços na multidão, e a ter os consumidores do seu lado. Todo o tempo “perdido” a organizar esse pilar da empresa e a contratar as pessoas que o vão suster é investimento no futuro.
Por isto e por aquilo
Mais gostos do que desgostos
Haja alguém que leve o bom gosto português até terras britânicas. Por cá também chegámos a achar (e há quem ache ainda e sempre vá achar) as louças Bordallo Pinheiro uma pirosice. Better later than never, os ingleses estão a amar, graças a uma geração que começa a perder a vergonha e o medo de promover o que é português lá fora. Cá para mim, devíamos abrir uma megastore só de coisas da nossa terra no estrangeiro - Londres, NYC… -, com área de supermercado e restauração, coisas e têxteis para o lar, e moda. Um El Corte Inglés 100% português, sem o El, o Corte e o Inglés, e talvez menos pisos.
Sabem qual é o passaporte mais poderoso do mundo? O Japonês.
Por poderoso entenda-se aquele que dá acesso a mais entradas nos outros países sem necessidade de requerer um visto. De acordo com o Henley Passaport Index, os cidadãos japoneses podem visitar 193 países sem visto prévio. Coreia do Sul e Singapura vêm logo em segundo, dando acesso a 192 países. Portugal está num muito honroso 6.º lugar, entre 112 países, dando acesso sem restrições a 187 países.