50 coisas que aprendi nos meus 50 anos de carreira #04
Quando uma coisa não está a funcionar ou estagnou, é passarmos imediatamente o nosso foco e a nossa energia para outra coisa.
Resiliência, persistência, bla, bla, sim, sabemos todos o quão importante são essas características, mas eu não estou a falar de desistir, estou a falar de aprendermos a agarrar as boas marés e deixarmo-nos ir.
Permitirmo-nos ter vários projetos em cima da mesa e mexermos num de cada vez, de acordo com a nossa energia, condições de vida e inspiração. Quando uma iniciativa não está a funcionar, por mais que nos esforcemos, é avançar para outra que reúna as condições certas no momento embora não fosse essa a nossa prioridade.
A teimosia não dá jeito nenhum nesta vida.
É abraçarmos as conjunturas e, tantas vezes, o improvável. Deixarmo-nos ir, aproveitar as boas correntes, não remar contra as más, e estarmos atentos aos sinais. Não é preciso estar munido de poderes especiais e tomar raízes ou ir meditar num ashram da Índia. Basta estarmos despertos e abertos à novidade, e deixarmos os pré-conceitos de lado.
Assim, ao invés de ficarmos presos em desespero aquela página em branco, à caixa de email à espera de uma resposta que não chega, ou a um projeto que não está a avançar, passamos para outra coisa e não desperdiçamos nem tempo, nem talento, nem o nosso bom humor. Às vezes pode demorar menos de uma semana a voltarmos ao projeto inicial, e isso é ótimo. E depois podemos voltar a outros. Tudo muda nesta vida, aprendamos também a mudar de tabuleiro, a maximizarmos o nosso tempo e a nossa criatividade. Não percamos a nossa beleza para a frustração.
Há tantas circunstâncias e fatores que são alheios ao nosso controlo. Se vamos ficar presos ao que não acontece, estaremos a negar-nos a oportunidade de criar algo de novo e o nosso próprio poder de transformação.
E naqueles dias em que não apetece nada, em que nada se desenvolve ou corre bem? Ui, acontece tanto. Se puderem - sem prejudicarem os compromissos oficiais e inadiáveis ou quem de vós indubitavelmente depende -, aproveitem esse intervalo, pode ser precioso.
Nota:
O intuito desta série de textos “50 coisas que aprendi nos meus 50 anos de carreira” não é do alto da minha sabedoria dizer coisas que domino imenso para que vocês sigam o meu exemplo iluminado. Antes, sinto gosto em partilhar aprendizagens e truques de vida (como se diz em estrangeiro, muito na moda, life hacks), muitos dos quais ainda luto para aplicar e que talvez possam aliviar a nossa carga existencial aqui e ali. É como fazer uma caça aos ovos não da Páscoa mas “de Colombo” - é sempre mais giro em conjunto.